Diariamente, é comum que caiam de 50 a 100 fios de cabelo da sua cabeça, mas esse número pode variar conforme diversos fatores, como o clima, a alimentação, o atrito e a velocidade de crescimento dos fios. Porém, quem percebe um número maior de fios no travesseiro e no chão pode estar sofrendo de alopecia? Até que ponto a queda de cabelo é considerada normal?
Existem diversos fatores que podem causar o aumento da queda dos fios. Contudo, nem sempre ela é sinal de algo ruim acontecendo no seu organismo. Entenda mais sobre o assunto:
Table of Contents
Até que ponto a queda de cabelo é considerada normal?
A queda de cabelo é normal quando os fios que caem são repostos. Por exemplo: um indivíduo pode perceber um grande volume de cabelo caindo por dia. Contudo, depois de um tempo esses fios crescem novamente, com a mesma textura e capacidade de crescimento. Resumindo: se o paciente não percebe diminuição da densidade capilar, provavelmente não precisa se preocupar.
Calvície está relacionada à queda de cabelo?
Outra questão importante é que a queda de cabelo NÃO está relacionada à alopecia androgenética (nome clínico da calvície). Isso porque o problema é causado pela diminuição da produção de fios. Portanto, o indivíduo pode perceber seu cabelo cada vez mais ralo e com rarefações, mas não nota fios caídos no travesseiro ou no chão.
Quando falamos de alopecia androgenética, estamos falando de um problema hormonal causado pela presença de testosterona.
No organismo, o esteroide é convertido pela enzima 6-alfarredutase em di-hidrotestosterona (DHT), uma versão muito mais potente. Ela é responsável pelas características masculinas, como aumento da libido, engrossamento da voz e pelos da barba mais grossos e volumosos.
O problema é que, nos indivíduos com predisposição à calvície, a DHT se liga aos folículos capilares e impede que eles produzam novos fios. Além disso, atrapalha a chegada do sangue — que carrega nutrientes — até essas unidades. Com o tempo, elas produzem cabelo cada vez mais fraco, até que “morrem” de vez.
Na calvície, o cabelo passa por um processo chamado miniaturização. Já a queda capilar pode ser causada por diversos fatores, que vão desde estresse até uma reação do sistema imunológico, passando pela falta de vitaminas. Independentemente do motivo, é essencial conversar com um especialista (dermatologista ou tricologista) para entender o que está por trás do sumiço dos fios.
Qual o ciclo de vida do cabelo?
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cada fio de cabelo cresce por volta de seis anos. Depois, entra na fase de repouso, que dura por volta de três meses. Por fim, ele cai para dar espaço a um novo fio.
Vamos entender melhor cada fase:
Anágena
É a fase de crescimento ativo do cabelo, que pode durar de 2 a 7 anos. Em média, um fio de cabelo cresce 1 cm por mês, com alguns milímetros para mais ou para menos. Resumindo: com os cuidados e uma correta alimentação, seu cabelo pode demorar vários anos até atingir o crescimento máximo e se estabilizar.
Catágena
Com duração máxima de três semanas, a fase catágena é o momento em que o crescimento do fio se estabiliza. Aqui, a matriz capilar encolhe e a papila dérmica se separa da base do folículo. Resumindo, o cabelo se “solta” de sua unidade capilar, embora ainda esteja “preso” no couro cabeludo. Não há um consenso sobre a porcentagem de fios nessa fase, mas acredita-se que menos de 3% estejam nela.
Telógena
É a fase de repouso. Durante três meses, o fio fica inativo e é liberado do folículo para que um novo cabelo possa crescer. Menos de 10% estão nela.
Exógena
Embora não seja tão comentada quanto as fases anteriores, a exógena ocorre justamente quando o fio antigo cai. Isso pode acontecer pelo atrito, durante o ato de pentear ou na lavagem dos fios.
O que pode estar por trás da queda de cabelo?
Há uma série de motivos que podem aumentar a queda dos fios. Conheça alguns:
Eflúvio telógeno
É uma condição em que há uma queda acentuada dos fios de cabelo. Ele se divide entre eflúvio agudo e crônico, com causas distintas apesar das características semelhantes:
Eflúvio telógeno agudo
Embora pareça repentino, o eflúvio telógeno agudo ocorre por alguma causa surgida por volta de três meses antes e aceleram a entrada dos fios à fase estacionária (telógena). Além disso, ele não costuma causar calvície total, mas pode dar uma diminuída considerável na densidade capilar.
Alguns motivos por trás do eflúvio agudo são:
- estresse agudo físico ou emocional;
- perda de peso rápida e acentuada;
- uso de certos medicamentos;
- infecções e febres elevadas;
- deficiências nutricionais;
- alterações hormonais;
- cirurgias importantes;
- doenças graves;
- parto recente.
O eflúvio telógeno costuma ser temporário e reversível; ele acaba assim que se elimina o agente causal. Portanto, o paciente pode cessar o problema, mas demorar a notar o crescimento dos fios — o que é normal, já que o desenvolvimento será mais lento do que a queda. O importante é manter os cuidados e ter paciência.
Eflúvio telógeno crônico
Como dito, é semelhante ao eflúvio agudo, diferenciando-se apenas na duração. Enquanto o anterior conta com um pico acentuado na queda que pode ser revertido com a cessão do agente causador, o crônico caracteriza-se como uma queda capilar acentuada por um longo período. Além disso, o paciente pode ter um ciclo de aumento dos fios na fase da queda, ou seja, ao mesmo tempo em que caem vários, crescem outros tantos.
Conforme o tempo passa, o cabelo fica mais volumoso na base e ralo no comprimento. Se o paciente só tiver essa condição, não ficará com o couro cabeludo ralo, mas suas causas podem ser mais variadas e complexas do que as do tipo agudo.
Além dos agentes citados no tópico do eflúvio agudo, o crônico pode ser causado por:
- condições de saúde subjacentes (que não são visíveis): normalmente são doenças autoimunes, como tireoide de Hashimoto, diabetes tipo 1 e hipertensão;
- uso prolongado de medicamentos que afetam o crescimento capilar;
- deficiências nutricionais prolongadas;
- distúrbios hormonais crônicos.
Assim como ocorre no eflúvio telógeno agudo, o primeiro passo para tratar o problema é identificar o agente causador. Uma vez que isso ocorre, é possível (mas não garantido) normalizar o crescimento capilar. Contudo, a recuperação costuma levar mais tempo do que no caso anterior. Por isso, o paciente precisa ter ainda mais paciência.
Menopausa
Como visto, alterações hormonais afetam a queda capilar — e o que é a menopausa senão uma grande alteração nos hormônios femininos?
Na verdade, menopausa é o nome dado à última menstruação feminina. Durante o climatério — período de transição entre a menopausa e a pós-menopausa — há uma queda acentuada dos níveis de progesterona e estrogênio, que têm um papel importante no desenvolvimento dos fios.
Os hormônios femininos proporcionam mais velocidade de crescimento, brilho e encorpamento. Já os masculinos proporcionam exatamente o contrário: os fios ficam mais finos e fracos. Quando há uma queda nos hormônios femininos, o organismo fica mais exposto aos masculinos, diminuindo o ciclo do cabelo e causando a queda capilar/sumiço dos fios.
Isso, porém, não é regra, ou seja, não significa que toda mulher que entrar no climatério vai sofrer com queda capilar ou sumiço dos fios.
Outro fator importante é que os fios que crescem na pós-menopausa podem sim ser diferentes: mais opacos, finos e quebradiços. Por isso, vale a investigação sobre a queda capilar e o uso de um bom tratamento com fármacos indicados pelo médico.
Puberdade
Como toda mudança hormonal, a puberdade pode sim causar queda capilar. Contudo, não é tão comum quanto em fases posteriores — principalmente porque aqui é quando os fios costumam se desenvolver com mais força.
No geral, nesta fase os hormônios influenciam a textura do fio — se ele será fino, grosso, ondulado ou cacheado, por exemplo. Uma queda capilar ou sumiço acentuado dos fios pode ser sinal de um problema maior, como a alopecia androgenética severa (nos homens) e a síndrome do ovário policístico (nas mulheres).
Estresse
O estresse é um dos principais fatores do eflúvio telógeno, principalmente quando mais crônico. Isso ocorre porque ele acelera as fases de crescimento do cabelo, fazendo com que ele vá para a fase telógena (e, consequentemente, exógena) com mais rapidez.
Além disso, o estresse afeta os hormônios do corpo, causa inflamações e afeta a circulação sanguínea, fundamental para que os nutrientes cheguem ao couro cabeludo.
Por fim, o problema também afeta a absorção de nutrientes e até mesmo a dieta (é comum que o indivíduo queira compensar as frustrações com alimentos de baixo fator nutricional).
Excesso de oleosidade
Você provavelmente já ouviu algumas pessoas dizerem que lavar o cabelo com constância faz os fios caírem. Na verdade, é exatamente o contrário: lavar poucas vezes faz com que a oleosidade aumente e, como consequência, o cabelo cai sem que possa nascer com facilidade, já que a oleosidade obstrui os folículos capilares.
E o xampu seco? Ele não costuma causar problemas no couro cabeludo, mas se o indivíduo substitui a lavagem normal pelo cosmético (que só disfarça a oleosidade, mas não limpa), é bem provável que vá gerar a queda capilar.
O ideal é lavar o cabelo dia sim, dia não, pelo menos. Já cabelos crespos podem exigir menos lavagens, já que o couro cabeludo desse indivíduo demora mais tempo para apresentar oleosidade.
Viu como é preciso investigar a queda capilar antes de tirar conclusões? E, como visto, a calvície não tem a ver com o problema. Mas se você perceber falhas e afinamento dos fios, entre em contato com a Clínica Mauad e faça uma consulta.