Falacrofobia: o medo de ficar careca

Considerado a moldura do rosto, o cabelo é parte importante para a manutenção da autoestima de muitas pessoas. Mas quando o indivíduo se olha no espelho o tempo todo, examina o couro cabeludo e fica temeroso até mesmo de ver outras pessoas calvas, o problema pode ser mais sério do que um simples receio de ficar careca. É a chamada falacrofobia, ou seja, o medo extremo de se tornar calvo.

Extremamente comum, a perda de cabelo pode acontecer por diversos motivos — de uma alimentação ruim à genética, passando até mesmo pelo hábito de tracionar os fios. Quando se torna um medo paralisante, é hora de entender o que está por trás disso. Será que vale a pena parar de ter uma vida agitada por medo de que outras pessoas te vejam sem cabelo?

Se você tem percebido que a calvície tem se tornado um “fantasma” na sua rotina e até atrapalhado em alguns momentos, continue a leitura e entenda um pouco mais sobre a falacrofobia:

O que é falacrofobia?

Como dito no título do post, falacrofobia é o medo de ficar calvo. Contudo, não é um simples “medo”; uma fobia é algo semelhante a pavor — que paralisa e interfere na vida do indivíduo. 

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Por exemplo: o indivíduo percebe fios no travesseiro e já começa a tomar finasterida. Ele olha para o espelho constantemente procurando por possíveis falhas de uma calvície que não se manifestou (ou sequer foi diagnosticada). Pior: nota pequenas entradas e deixa de sair de casa por vergonha.

A falacrofobia é considerada um distúrbio porque leva ao extremo o medo da calvície. Para se ter uma ideia, ela não diz respeito apenas à aparência do próprio indivíduo. Ele pode sentir medo até mesmo de ver pessoas calvas na rua, pois isso afeta a percepção de si mesmo com relação à perda dos fios. 

Em vez de pensar na alopecia androgenética (nome clínico da calvície) como uma condição comum, ela se torna um “vilão” à espreita, provocando ansiedade intensa.

Sinais 

A tensão proporcionada pela falacrofobia pode ser tão grande que proporciona sintomas físicos. Os mais comuns são taquicardia, tontura, ansiedade, tremores e estresse.

A falacrofobia faz sentido?

De certa forma, sim. O cabelo é uma parte do nosso organismo. Embora sua função seja mais estética — ele protege o couro cabeludo, mas poderia ser substituído por um chapéu ou boné  —, perdê-lo também é como perder um “membro” visível do corpo. 

A mutilação é um medo atávico. Perder os fios pode representar, de certa forma, a perda de algo importante do corpo e que não temos tanto controle. 

O ciclo sem fim

O estresse, ansiedade e depressão também causa queda de cabelo, pois são emoções intensas que afetam negativamente o organismo.

Comum no dia a dia, o estresse é um estado de alerta que foi essencial para a sobrevivência da espécie humana até os dias de hoje. Quando o indivíduo passa por uma situação de tensão, o organismo libera cortisol (chamado de hormônio do estresse), adrenalina e noradrenalina.

Assim que o fator causador é interrompido, os níveis de hormônio liberado diminuem até que o corpo possa voltar ao normal. O problema ocorre quando as situações de estresse são constantes. Por exemplo: toda vez que o indivíduo se olha no espelho, ele fica apavorado porque pensa que sua calvície aumentou.

O excesso de cortisol interfere na absorção de vitaminas essenciais para seu funcionamento. Como o cabelo não é uma parte essencial para a vida, ele perde nutrientes — o pouco absorvido pelo sangue vai para a nutrição de órgãos e músculos mais importantes. Por isso, depois de algum tempo, o indivíduo que sofre com constante estresse percebe que seus fios estão caindo porque, na realidade, os folículos não recebem nutrição suficiente para produzir mais cabelo.

Dessa forma, a falacrofobia se torna um ciclo: 

  • o indivíduo tem pavor de perder cabelo;
  • o estresse aumenta pelo medo;
  • os fios caem e, por conta do cortisol, os folículos não recebem nutrição;
  • o indivíduo fica ainda mais apavorado;
  • o cabelo não consegue se desenvolver.

Situações de alto estresse

Além do estresse crônico, situações de alta tensão podem provocar a queda de cabelo. A perda costuma ocorrer três meses após o evento estressante. 

Covid-19, dietas restritivas, luto e infecções são alguns dos fatores que podem provocar esse problema. Por ser uma situação pontual, o cabelo volta a crescer assim que a situação de estresse acaba.

Ansiedade e falacrofobia

A ansiedade é muito parecida com o estresse. Contudo, ela se refere ao medo do futuro e a fatores internos, enquanto o estresse é causado por fatores externos e por acontecimentos do presente.

Por exemplo: o indivíduo fica estressado porque notou o surgimento de entradas. Ele também fica ansioso porque pensa na calvície que pode se desenvolver mesmo que ele comece um tratamento com minoxidil e inibidores de 5-alfarredutase.

Impacto nas mulheres

Como a calvície é mais comum em homens, ela também é muito mais aceita no público masculino. Se a falacrofobia é cruel em homens, ela pode ser ainda pior (e mais justificável) em mulheres, cuja cobrança para seguir um padrão estético é muito maior. 

A mulher costuma ter um apego maior aos fios. Décadas atrás, o cabelo curto era visto como algo masculino, enquanto o longo era sinônimo de feminilidade, saúde e juventude. 

Além de beleza, as madeixas também podem representar a personalidade feminina. Tamanhos, texturas, cores e cortes transformam o cabelo em um acessório fundamental para a beleza.

Uma mulher calva pode demorar a ver beleza em si mesma, já que a calvície feminina é menos comum. Nesse caso, a perda dos fios costuma causar um impacto muito forte na autoestima. Perder os fios também é perder uma forma de se sentir mais bonita ou de representar suas características (séria, extrovertida, madura ou jovial, por exemplo).

Como combater a falacrofobia?

Você se identificou com as características da falacrofobia? Então, veja o que fazer para lidar com esse medo excessivo:

Converse com um médico

Se você tem percebido falhas no couro cabeludo ou redução da densidade do cabelo, converse com um dermatologista ou tricologista. Além de observar o couro cabeludo, ele também vai pedir exames de sangue para fazer uma investigação mais aprofundada. 

Caso ele encontre alguma coisa fora do normal, poderá solicitar outros exames e indicar o tratamento adequado.

Siga o tratamento

Se a perda de cabelo for diagnosticada, é essencial seguir o tratamento. Na alopecia androgenética, o indivíduo precisa interromper o excesso da enzima 5-alfarredutase no organismo. O uso de minoxidil e outros medicamentos também auxilia a nutrir o couro cabeludo e os folículos capilares.

O tratamento preventivo é essencial para quem opta pelo transplante capilar, porque ele retarda o aparecimento de novas falhas no cabelo. Em alguns casos, quando o folículo não se fechou por completo, é possível reverter o problema, ou seja, fazer com que ele volte a produzir fios fortes. Contudo, o tratamento precisa começar a tempo.

Avalie o transplante capilar

O transplante capilar é a única alternativa capaz de devolver o cabelo em locais onde a calvície já se estabeleceu. Nesse procedimento, o cirurgião remove folículos capilares saudáveis e os coloca na região calva. E não há risco de queda: o médico transplanta apenas unidades foliculares que não sofrem com o gene da calvície.

Há dois tipos de técnica: a FUT, que deixa uma cicatriz linear no couro cabeludo, e a FUE, em que o cirurgião retira folículo por folículo. A escolha varia de acordo com a possibilidade do couro cabeludo e a escolha do paciente.

Infelizmente, o transplante capilar não é válido para pacientes com alopecia areata, pois conta da imprevisibilidade da queda dos fios. Contudo, ele é uma excelente opção para pacientes saudáveis e com área doadora suficientemente robusta para cobrir a receptora.

E não se preocupe: o médico especialista não vai deixar falhas no seu couro cabeludo. Mesmo que a região doadora não seja muito grande, ele vai fazer o possível para deixar o cabelo homogêneo.

Seja feliz

Sua perda de cabelo foi diagnosticada? Além dos tratamentos, não há muito o que fazer: se o problema for alopecia androgenética, areata ou de tração, ele não tem cura. Basta seguir as recomendações médicas. Caso seja eflúvio telógeno, os fios voltarão a crescer com o tempo.

O importante é ter ciência de que a calvície, embora possa ser incômoda na parte estética, não vai afetar a sua saúde e não deve ser um impeditivo para sua rotina.

Procure ajuda

O transplante capilar ajuda a recuperar a autoestima abalada pela calvície, mas ele não vai acabar com a alopecia em si que, até hoje, é incurável. Quando o medo paralisa a ponto de impedir que você faça suas atividades cotidianas, é hora de pedir ajuda profissional. 

Converse com um psicólogo para entender por que a alopecia abala tanto sua autoestima a ponto de atrapalhar a vida. Apesar de proteger o couro cabeludo, o cabelo é um fator estético e não deve afetar negativamente sua rotina.

Gostou de entender sobre a falacrofobia? Com o auxílio correto, é possível reverter ou diminuir a queda dos fios. Contudo, a ajuda de um profissional de saúde mental vai ajudar você a lidar com essas falhas com mais leveza. Afinal, por mais que a calvície incomode, ela não vai interferir na sua saúde e, muito menos, na sua vida.

Se você já notou algumas falhas e deseja resolver ou atenuar o problema, entre em contato com a Clínica Mauad.

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