Fumo e calvície: nicotina faz o cabelo cair?

Nos cinemas, propagandas e programas de televisão, o cigarro era um símbolo de glamour.  Com o passar dos anos, descobriu-se que ele fazia sim muito mal — e traz tantos problemas que nem mesmo o lobby da indústria tabagista foi capaz de silenciá-los. Mas será que fumo e calvície estão relacionados?

Nicotina, monóxido de carbono e alcatrão são apenas alguns dos quase 5 mil tóxicos presentes em apenas um cigarro. Neste texto, vamos descobrir como o vício pode afetar a calvície:

Fumo e calvície estão relacionados?

Sim e não. Vamos explicar em detalhes.

A alopecia androgenética — nome clínico da calvície — é uma condição genética e de histórico familiar. Isso não significa que o filho de um indivíduo calvo vai necessariamente desenvolver o problema, mas as chances são muito maiores.

solicite um contato

Num primeiro momento, fumo e calvície não estão relacionados. Um fumante não vai desenvolver calvície por fumar, e sim por já ter predisposição genética ao problema.

Engana-se, porém, quem pensa que o fumo não afeta o sumiço dos fios. Cigarro não causa, mas agrava sim a calvície — e isso já foi comprovado cientificamente. Ele não apenas pode fazer com que a alopecia se manifeste mais cedo, mas também de maneira mais grave, com falhas maiores e fios mais ralos.

Como o cigarro afeta a calvície?

O cigarro tem por volta de 5,3 mil substâncias, 4,7 mil delas são tóxicas. Com uma quantidade tão grande de tóxicos dentro do corpo, ele afeta o organismo de maneira sistêmica. Então, não é difícil de imaginar que ele também possa agravar a alopecia. Veja algumas formas.

Desnutrição folicular

O cigarro afeta a circulação sanguínea. Ele pode formar placas na parede das artérias, além de reduzir o calibre dos vasos sanguíneos, o que atrapalha a chegada de oxigênio e nutrientes. A nicotina, por exemplo, torna os vasos sanguíneos que irrigam os folículos quase fechados. Além disso, o oxigênio “perde” para o monóxido de carbono passando pela corrente sanguínea.

Com a diminuição da corrente de sangue, os folículos capilares não recebem a nutrição e a oxigenação adequadas, fazendo com que os fios nasçam cada vez mais ralos, opacos e frágeis.

É importante ressaltar que o afinamento dos fios é um dos malefícios mais leves que o cigarro pode causar. A obstrução da corrente sanguínea pelas placas traz complicações seríssimas ao indivíduo, como doenças cardiovasculares — acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, hipertensão e infarto são algumas delas.

Danos à superfície do folículo

Além da nicotina, o cigarro contém uma série de metais pesados, como chumbo e cádmio, extremamente prejudiciais à saúde do organismo por completo. Eles podem danificar os folículos e diminuir a capacidade de produção de fios saudáveis, o que também acelera a calvície ou faz com que o cabelo fique mais ralo (quando o paciente não tem predisposição genética à alopecia).

Couro cabeludo descamando

O cigarro afeta a pele por completo. Por ser o maior e mais exposto órgão do corpo humano, os sinais do hábito de fumar podem ser vistos rapidamente nela. 

O couro cabeludo também é pele, e mais sensível que a maior parte do corpo. Como consequência, também sofre os efeitos do cigarro, como descamação, irritação e aumento da oleosidade — os três fatores são agravantes para a queda de cabelo. Além disso, favorece patologias como a psoríase e a dermatite seborreica.

Inflamação crônica

As inflamações crônicas causadas pelo tabagismo também afetam a saúde do cabelo porque prejudicam a produção de queratina, essencial para o crescimento dos fios.

Aumento da testosterona

A calvície é causada pela conversão da testosterona em di-hidrotestosterona (DHT), um versão mais potente do esteróide. Responsável pelas características masculinas, a DHT proporciona pelos mais grossos e aumento da libido. Contudo, em indivíduos com predisposição à alopecia androgenética, o hormônio se liga aos folículos capilares, impedindo que os nutrientes cheguem até eles.

Além de diminuir o calibre dessa microvasculatura, o cigarro também aumenta a produção de hormônios masculinos, incluindo a testosterona. Com mais hormônios circulando pelo corpo, mais chances de conversão para DHT.

Canície precoce

Este problema não está relacionado à calvície, mas também pode ser acelerado com o fumo. O cigarro também acelera o aparecimento de cabelos brancos antes dos trinta anos — problema chamado de canície precoce. Isso ocorre porque o cigarro gera um número muito grande de oxigênio reativo (molécula instável e capaz de transformar outras moléculas com as quais ela colide). Consequentemente, aumenta o estresse oxidativo no organismo, prejudicando as células produtoras de melanina.

Fases do cabelo mais curtas

O cabelo conta com quatro fases de desenvolvimento:

  • anágena: fase de crescimento ativo do cabelo, pode durar de 2 a 7 anos. Em média, um fio de cabelo cresce 1 cm por mês, com alguns milímetros para mais ou para menos;
  • catágena: durando no máximo três semanas, é a fase em que o crescimento do fio se estabiliza. O cabelo se “solta” de sua unidade capilar, embora ainda esteja “preso” no couro cabeludo;
  • telógena: é a fase de repouso. Durante três meses, o fio fica inativo e é liberado do folículo para que um novo cabelo possa crescer;
  • exógena: embora não seja tão conhecida quanto as anteriores, a exógena ocorre justamente quando o fio antigo cai. Isso pode acontecer pelo atrito, durante o ato de pentear ou na lavagem dos fios.

O cigarro faz com que as fases do cabelo sejam mais curtas. Com isso, ele cresce mais fino (não consegue se desenvolver) 

Cicatrização da pele

Como visto, a falta de irrigação de sangue na região do couro cabeludo traz uma série de problemas. E como o couro também é pele (e um pouco mais sensível que a de braços e pernas, por exemplo), ele também está exposto aos problemas que o restante do corpo pode sofrer.

Um deles é a cicatrização. Quando o corpo sofre um corte ou lesão, o sangue que se espalha leva plaquetas (que vão coagular) e glóbulos vermelhos (que transportam oxigênio). O corpo também produz fibrina, proteína que ajuda na coagulação e cicatrização quando os vasos são rompidos. 

As plaquetas param o sangramento nas pontas dos vasos rompidos, enquanto a fibrina “cola” uma plaqueta na outra. 

Nesse ínterim, entram também os glóbulos brancos, protegendo o corpo de agentes externos que possam entrar pelo machucado, e os macrófagos, que engolem células mortas e bactérias que restarem na região ferida. É nesse período que surge a casca do machucado, formada por sangue coagulado e ressecado.

Esse processo todo é essencial para uma boa cicatrização.

Quando o paciente fuma, o processo de cicatrização é prejudicado. Mesmo no transplante capilar, que é uma cirurgia minimamente invasiva, técnicas como a FUE (Follicular Unit Extraction) deixam casquinhas na região receptora. Quando o paciente fuma, esse processo de cicatrização é comprometido.

Vale a pena fazer um transplante capilar e continuar fumando?

Vale, mas o resultado não será tão bom. No pré e no pós-operatório, o cirurgião vai orientar o paciente a cortar o cigarro por algumas semanas, pelo menos. Isso será fundamental tanto antes da cirurgia (pois o tabaco atrapalha a cicatrização) quanto depois (para que o sangue seja capaz de levar nutrientes aos folículos). Embora o transplante capilar seja uma cirurgia minimamente invasiva, o risco de complicações aumenta entre pessoas que fumam regularmente. 

O cigarro pode sim fazer com que o transplante capilar não seja bem-sucedido. O cirurgião não pode garantir que todos os folículos transplantados voltem a trabalhar da mesma forma que na área doadora. Contudo, as chances chegam a mais de 90% quando o paciente segue as recomendações necessárias — uma delas, claro, é parar de fumar.

Como visto, o fumo atrapalha o processo de cicatrização por diminuir drasticamente o calibre dos vasos sanguíneos da região e por impedir a chegada de oxigênio. Quando a cicatrização é malfeita, as chances de o procedimento ser bem-sucedido diminuem drasticamente.

Além disso, a falta de irrigação sanguínea faz com que os fios cresçam fracos. O paciente pode até achar que os folículos transplantados também têm predisposição genética para a calvície, o que não acontece. O cirurgião utiliza apenas unidades foliculares que não são afetadas pela condição. Mas com o consumo de cigarro, os fios vão crescer ralos e sem viço.

Quanto tempo devo ficar sem fumar antes de passar pelo transplante capilar?

O ideal é que o indivíduo fique, no mínimo, duas semanas sem fumar antes de passar pelo procedimento. Esse período dará ao organismo tempo de se “desintoxicar” e voltar a ter uma circulação sanguínea mais saudável.

No pós-operatório, também o ideal é esperar por, pelo menos, duas semanas. Lembre-se, porém, de que os fios transplantados caem por volta de um mês depois, nesse período, um novo cabelo será produzido. Com a volta das quase 5 mil substâncias tóxicas do cigarro ao organismo, todo esse trabalho será prejudicado.

Mais do que pensar em fumo e calvície, é preciso avaliar o quanto a saúde ganha com a interrupção do consumo de cigarro. O indivíduo volta a ter uma pele e anexos cutâneos mais saudáveis, sua circulação sanguínea melhora, a oxigenação também volta a circular melhor. Ele ganha fôlego, disposição e vitalidade.

É também essencial avaliar que um fumante tem mais chances de sofrer de câncer — não apenas de pulmão, mas de toda e qualquer área irrigada pela circulação sanguínea, já que as substâncias tóxicas passam por ela. Portanto, mais do que voltar a cabelos saudáveis, pense na interrupção do vício como um passo para voltar a ter saúde física e mental.

Viu como fumo e calvície estão relacionados, mesmo que um não seja o fator gerador da perda dos fios? Então, se você deseja passar pelo transplante capilar, entre em contato com a Clínica Mauad e faça uma avaliação.

solicite um contato