Quem ama os fios bem lisos sabe como é o efeito de uma escova progressiva. Além de retas, o procedimento deixa as madeixas bem homogêneas. No entanto, desde 2009 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem sido bem rígida com relação aos químicos alisantes utilizados pelos cabeleireiros. Afinal, será que o formol faz mal para o cabelo ou é apenas um exagero do órgão?
Mais do que o fio, o formol pode prejudicar seriamente a saúde do cliente — e também do cabeleireiro. Então, veja como funciona:
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Antes de entender se formal faz mal para o cabelo, é preciso saber por qual motivo ele é (ou foi) tão utilizado em cosméticos. O formol é um conservante muito utilizado para a manutenção das propriedades de animais mortos, peças anatômicas e corpos para fins científicos. Esse uso só é permitido em laboratórios e com uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados — óculos de proteção, máscaras, luvas e bata.
Foi nesse contexto que se descobriu a propriedade alisante do formol, pois técnicos de laboratório perceberam que os cadáveres ficavam com os pelos lisos quando embebidos em formol.
Nos cabelos, sua atuação é um pouco diferente. Ele não só conserva o cabelo liso, como também é capaz de mudar sua estrutura. Um produto alisante costuma ter amônia, que abre as cutículas do fio e deixa a passagem livre para que o formol possa chegar ao córtex, responsável por determinar a cor, a resistência, a elasticidade, a umidade e, claro, o formato dos fios. Quando chega à parte mais interna do fio, ele ataca as pontes de dissulfeto, que dão forma ao cabelo. Por isso, consegue alisá-lo.
Não apenas para o cabelo, mas para a saúde como um todo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o formol é uma substância cancerígena do grupo 1, ou seja, com fortes evidências de seu envolvimento no processo de formação de um tumor maligno (carcinogênese) em humanos e animais.
Na verdade, o formol não é totalmente vetado. A questão é que a concentração permitida pela Anvisa é de apenas 0,2% em produtos capilares e apenas durante o processo de fabricação. Qualquer adição da substância em um produto já pronto é considerado infração sanitária pela Lei 6437/77.
Nessa quantidade, portanto, a substância não é capaz de alisar o cabelo e sim de atuar como agente conservante do produto.
Em esmaltes, a concentração é um pouco maior: de 5%, no máximo, para esmaltes endurecedores de unha.
Como visto, a concentração permitida pela Anvisa é baixíssima e, portanto, insuficiente para alisar os fios. O problema é que muitos salões não querem perder clientes ou investir em produtos mais caros. Com isso, acabam colocando a saúde tanto do cliente quanto do profissional em risco.
Para muitos, pode parecer um risco válido. Por exemplo: o recomendado é que a cliente faça o retoque da progressiva a cada três meses. Como o produto é colocado apenas na raiz, a quantidade utilizada é muito menor do que aquela posta em todo o cabelo. Portanto, não há risco para a saúde, correto? Errado.
O formol é uma substância volátil, ou seja, quando aliado ao secador e à chapinha, ele evapora e fica pelo ar. Isso faz com que ele seja inalado por quem estiver no ambiente. A substância pode provocar irritação ocular, cutânea e respiratória.
Outros problemas relacionados ao uso de formol são:
E isso apenas para quem tem contato esporádico com o produto. Mas agora pense no cabeleireiro em um dia cheio. Se uma escova progressiva demora, em média, 2h para ser feita, um profissional pode alisar até três clientes (ou mais, dependendo do expediente) em um mesmo dia. Isso significa inalar formol por mais de seis horas por dia.
O que isso pode causar à saúde do cabeleireiro? Veja:
Não. A substância pode provocar reações agudas tanto no momento de uso quanto horas depois. Além disso, ela se acumula no organismo quando inalada. Em ambientes fechados, a exposição ao químico ainda é prolongada, já que não há troca de ar com o ambiente.
Já é provado cientificamente que o formol e seus derivados podem induzir alterações no DNA do indivíduo. Por isso, aumenta o risco de desenvolvimento de células tumorais e, consequentemente, de câncer nas vias aéreas superiores, boca e sangue.
Além do sangue, em gestantes o formol pode causar malformação do feto.
As escovas progressivas continuam, embora o uso do formol em grande quantidade esteja proibido. Então, como saber se a substância utilizada pelo cabeleireiro é proibida? Primeiramente, é importante perguntar a ele como é feito o alisamento, inclusive se há uso de formol no procedimento. Em seguida, pegue o nome do produto e consulte no site da Anvisa para saber se ele é autorizado pelo órgão.
Se o produto alisante usado pelo salão não for autorizado pela Anvisa, o melhor a se fazer é denunciar o estabelecimento. Para isso, o consumidor deve entrar em contato com a Vigilância Sanitária municipal/estadual ou com a própria Agência pelo e-mail cosmeticos@anvisa.gov.br. Se houver suspeitas de reações adversas pelo indivíduo, ele pode enviar o relato para cosmetovigilancia@anvisa.gov.br.
Quem gosta de alisar os fios não precisa se preocupar. Há sim produtos que alisam o fio sem usar formol. Algumas das substâncias contidas são hidróxido de guanidina, hidróxido de potássio, ácido tioglicólico, hidróxido de cálcio, hidróxido de sódio e hidróxido de lítio.
Mesmo que o produto pareça não alisar ou seja um pouco mais lento, ele não vai colocar sua saúde em risco.
Entendeu como o formol faz mal para o cabelo e saúde no geral? Então pense bem antes de optar por procedimentos que mexem na estrutura dos fios e cuide deles utilizando produtos que não prejudiquem também a sua saúde. Nos acompanhe nas redes sociais para ter acesso a outros conteúdos sobre saúde capilar.
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