A causa mais comum de perda de cabelo é a alopecia androgenética, conhecida popularmente como calvície. Contudo, não é a única: até mesmo um dano na pele do couro cabeludo faz com que a região se torne incapaz de produzir novos fios. É o que chamamos de alopecia cicatricial.
Se você sofreu uma queimadura na região ou faz penteados muito apertados, corre o risco de passar pelo problema. Neste texto, você vai entender o que é, as principais causas e como tratar a alopecia cicatricial. Continue a leitura.
Table of Contents
O que é alopecia cicatricial?
Alopecia cicatricial é um estágio no qual a pele com folículos capilares é substituída por cicatrizes, visíveis ou não. Nesse estágio, não é possível regenerar a pele. Portanto, as unidades foliculares não se regeneram e, como consequência, não conseguem produzir novos pelos.
Por exemplo: o couro cabeludo sofreu uma queimadura grave, de segundo ou terceiro grau. A região sofre um dano profundo, que só consegue se regenerar por meio de uma cicatriz. Esse tecido não consegue reproduzir os folículos capilares e, portanto, mantém-se calvo.
A alopecia de tração é uma classificação para diferentes tipos de perda de cabelo. Por exemplo: a alopecia androgenética, a areata e o eflúvio telógeno não são cicatriciais, mesmo quando o folículo para definitivamente de produzir fios.
No caso da alopecia androgenética, a di-hidrotestosterona (DHT) impede que o sangue chegue ao couro cabeludo, o que enfraquece o folículo até ele “morrer” de vez.
Já a areata e o eflúvio telógeno ocorrem por uma condição autoimune que, muitas vezes, tem origem emocional. Contudo, a pele não cria uma cicatriz para substituir o folículo piloso — em muitos casos, o cabelo volta a crescer depois de algum tempo ou com tratamentos.
Quais os tipos de alopecia cicatricial?
Existem dois tipos de alopecia cicatricial: primária e secundárias. Ambas se distinguem pela origem. Entenda:
Alopecia cicatricial primária
A alopecia cicatricial primária ocorre por doenças autoimunes, ou seja, quando há um mau funcionamento do sistema imunológico, que o leva a atacar os seus próprios tecidos. O problema também ocorre com algumas patologias inflamatórias.
Para que a alopecia cicatricial ocorra, a pessoa precisa ter uma predisposição a doenças autoimunes. Esse problema ocorre por conta de uma mutação no antígeno leucocitário humano (HLA), um sistema de proteínas localizadas na superfície de quase todas as células do corpo humano.
As principais causas de alopecia cicatricial primária são:
- líquen plano pilar;
- alopecia frontal fibrosante;
- alopecia cicatricial centrífuga central.
Conheça, com mais detalhes, cada uma dessas patologias.
Líquen plano pilar
O líquen plano pilar (LPP) é uma inflamação e posterior destruição do istmo, área do folículo responsável pela renovação do fio. No seu lugar, forma-se uma cicatriz que impede a fabricação de um novo cabelo.
A patologia provoca uma perda de cabelo ampla e distribuída, que lembra bastante a alopecia androgenética. Nas áreas atacadas, a pele forma uma fibrose, que não é possível reverter. Contudo, enquanto a pele não estiver fibrosada, é possível controlar o problema e fazer com que o cabelo volte a crescer.
A doença pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, embora seja mais comum no segundo grupo, a partir dos 40 anos. Os sintomas mais comuns são vermelhidão, irritação, dor e descamação do couro cabeludo, além de falhas e queda de cabelo.
Então, atenção aos sintomas iniciais para ter mais chance de reversão do problema.
Alopecia frontal fibrosante
Mais comum em mulheres com idade próxima à menopausa, a alopecia frontal fibrosante (AFF) é uma variação do líquen plano pilar. O problema começa na parte anterior do couro cabeludo e avança até a posterior, formando um arco. É um problema praticamente exclusivo a pessoas brancas.
A pele, infelizmente, atrofia, e as sobrancelhas podem cair e formar pápulas e manchas. Mais agressiva que o LPP, a AFF precisa de um diagnóstico ainda mais rápido para evitar o avanço do problema.
Algumas das características comuns são:
- queda de cabelo na parte anterior e laterais do couro cabeludo;
- pequenos caroços na testa ou região das têmporas;
- afinamento e perda dos pelos nas sobrancelhas;
- em homens, perda da barba e das costeletas;
- vermelhidão e descamação;
- coceira e dor.
Observe essas características e procure um dermatologista ou tricologista antes que a pele crie um aspecto fibroso. O problema também pode atacar cílios, axilas, braços, pernas e região pubiana.
Alopecia cicatricial centrífuga central
Embora não seja um nome muito conhecido, a alopecia cicatricial centrífuga central (CCCA) é o tipo mais comum em mulheres negras. Trata-se de uma combinação de danos externos, como o uso de alisantes e químicos, tração excessiva ao puxar os fios e uma anomalia em alguns folículos.
Esses fatores causam a perda progressiva e cicatrização principalmente na parte anterior, mas também nas laterais, coroa e posterior do couro cabeludo.
Alopecia cicatricial secundária
Neste caso, o folículo é destruído como resultado de uma inflamação inespecífica, ou seja, a alopecia ocorre como uma consequência de outro dano. Os principais agentes causadores são:
- tricotilomania (vício de arrancar os fios do cabelo e da sobrancelha);
- esclerodermia (enrijecimento da pele e dos órgãos internos);
- tração persistente dos fios (alopecia de tração);
- infecções no couro cabeludo;
- radioterapia e quimioterapia;
- doenças granulomatosas;
- alisantes químicos;
- traumas físicos;
- queimaduras.
Alopecia de tração
Um tipo de alopecia cicatricial é a alopecia de tração, que ocorre quando os fios recebem puxões contínuos e constantes. Por exemplo: coques extremamente apertados tracionam os fios para trás, que ficam nessa mesma tensão por horas. Dependendo da frequência que a mulher faz o penteado, os folículos sofrerão essa mesma força por dias.
Depois de algum tempo, os fios começam a crescer mais fracos, e o folículo não tem força para produzir hastes mais fortes. Se não houver uma interrupção a tempo, o folículo se fechará de vez e cicatrizará.
O ponto positivo da alopecia de tração é que, se interrompida a tempo, não virará do tipo cicatricial. Portanto, será possível revertê-la. O ideal é entrar em contato com um dermatologista ou tricologista para fazer um tratamento adequado.
Outro aspecto importante da alopecia de tração é ser autolimitada, ou seja, tem limites definidos. Nesse caso, apenas as áreas que sofreram puxões contínuos perderão os fios. Portanto, dependendo da quantidade de folículos tracionados que perderam a capacidade de produzir cabelo, o problema pode ser facilmente resolvido com transplante capilar.
A alopecia cicatricial é hereditária?
A alopecia cicatricial não é hereditária. Contudo, é mais comum de ocorrer em uma família com histórico de doenças autoimunes, como psoríase, tireoidite de Hashimoto, vitiligo ou esclerose.
A mutação do LHA pode se manifestar de diversas formas, não necessariamente no couro cabeludo. Portanto, há mais chances de que o problema ocorra quando o indivíduo tiver histórico familiar de predisposição ou manifestação desse tipo de patologia.
Como é feito o diagnóstico?
A alopecia cicatricial precisa de um diagnóstico mais rápido do que a andrógena, pois tem menos chances de reversão. O médico deve descobrir o agente causado para eliminar ou retardar seu efeito.
Geralmente, o profissional faz a tricoscopia, um exame não invasivo para avaliar a qualidade do couro cabeludo e dos fios. Para uma boa análise, ele utiliza o dermatoscópio, aparelho com uma lupa acoplada que amplia a imagem da região.
O dermatologista ou tricologista observará:
- haste capilar (fio de cabelo);
- região interfolicular (entre os pelos);
- região folicular (área ao redor do pelo);
- vascularização (vasos sanguíneos responsáveis por nutrir o folículo capilar e o couro cabeludo).
Caso haja suspeita de alopecia cicatricial, o médico faz uma biópsia: coleta pequenas amostras da região com inflamação ativa, geralmente na borda de uma área calva, e leva para um laboratório. Lá, o patologista fará uma análise mais profunda e procurará por agentes causadores do problema.
É possível prevenir a alopecia cicatricial?
Depende do tipo de alopecia.
Quando falamos da alopecia cicatricial secundária, é possível prevenir ao cortar o agente a tempo. No caso da alopecia de tração, por exemplo, a pessoa consegue frear o problema ao evitar penteados muito apertados e a escovação constante dos fios. Porém, é essencial interromper antes que o folículo cicatrize.
Já na alopecia cicatricial primária, por se tratar de uma patologia autoimune, não é possível prevenir. Contudo, há tratamentos que podem retardar ou controlar de vez o problema.
Como tratar a alopecia cicatricial?
Como visto, mesmo que não seja possível prevenir, há tratamentos para a alopecia cicatricial. Conheça alguns:
Medicamentos orais
O tratamento mais comum da alopecia cicatricial traz uma combinação de antibióticos, imunossupressores, anti-inflamatórios e/ou corticosteroides para impedir o avanço da doença.
Em situações muito específicas, principalmente de AFF, médicos conseguem obter bons resultados usando inibidores da enzima 5 alfa‐redutase (finasterida e dutasterida), mesmo quando o paciente não apresenta alopecia androgenética.
Medicamentos de uso tópico
Como visto, em alguns casos o médico orienta a combinação de inibidores de 5AR com o minoxidil — o tratamento tradicional para alopecia androgenética. O uso mais popular é como solução hidroalcoólica de uso tópico. Contudo, os efeitos do vasodilatador são mais eficazes por ingestão. Vale conversar com o médico para descobrir qual a versão mais indicada para seu caso.
É essencial lembrar que o minoxidil é extremamente tóxico para animais, podendo levar gatos a óbito. Se o paciente tiver um felino, o ideal é consumi-lo em cápsulas e lavar as mãos antes de ter um contato com o pet.
Transplante capilar
Quando a pele já está com aspecto fibroso, significa que os folículos ali presentes não funcionam mais. Dessa forma, o único tratamento capaz de trazer novos fios àquela região é o transplante capilar, pois ele retira folículos saudáveis de uma região que não sofreu com o problema.
Novamente, é essencial combinar o tratamento preventivo com o transplante capilar, que remediar a alopecia já estabelecida. Essa junção cobrirá as áreas calvas e evitará que outras rarefações aconteçam.
Como visto, a alopecia androgenética pode ter diversas causas. O essencial é procurar por ajuda médica assim que observar os primeiros sinais. Assim, você saberá se é possível reverter o problema.
Caso a fibrose já tenha se estabelecido, o transplante capilar pode te ajudar. Com décadas de experiência e milhares de cirurgias bem-sucedidas, a Clínica Mauad traz o cuidado e a tecnologia que você precisa para sua cirurgia. Entre em contato pelo WhatsApp e marque uma avaliação.