Quem consome conteúdos sobre cuidados capilares com certeza já se deparou com alguma “receita milagrosa”. Os remédios caseiros para o cabelo prometem fazer os fios crescerem até 2 cm por mês — algo praticamente impossível sem que haja uma mutação genética. Mas será que há alguma comprovação científica sobre o resultado dessas misturas?
Neste texto, você conhecerá os remédios caseiros para o cabelo mais populares, além de entender se eles fazem ou não efeito. Continue a leitura.
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O que são remédios caseiros para o cabelo?
São misturas com produtos naturais, comumente feitas em casa, que o usuário utiliza para fazer os fios crescerem. Nenhum desses itens tem como principal finalidade a aplicação no cabelo; por isso são chamados “caseiros”. Óleo de rícino, chá de camomila e alecrim são alguns exemplos.
Há muitos remédios caseiros voltados para outros problemas físicos. Porém, com o aumento do acesso à internet, as “receitinhas” ganharam cada vez mais popularidade. Vídeos explicativos no YouTube mostrando “resultados milagrosos” aparecem com constância, mas pouco se sabe sobre a real eficácia dessas misturas.
Quais os remédios caseiros para o cabelo mais utilizados?
Veja quais produtos são comumente utilizados para melhorar a saúde dos fios.
Babosa
A Aloe vera, conhecida popularmente como babosa, é uma espécie de planta suculenta. Ao cortar uma de suas folhas, você encontra a mucilagem (“baba” da babosa), uma estrutura viscosa, semelhante a um gel, com concentração de 90% de água e 10% de fibra.
Essa substância viscosa babosa traz uma série de benefícios para a pele, como maciez, cicatrização de ferimento e ação anti-inflamatória. Muitas pessoas, porém, passam nos fios para aumentar a hidratação, prevenir caspas e auxiliar no crescimento.
Nem tudo, porém, pode ser aproveitado. Com a mucilagem, a planta também pode eliminar um líquido igualmente viscoso, mas de coloração amarela. Essa substância é tóxica para o corpo humano. Para evitar o contato, lave as folhas e as deixe secando na vertical, de um dia para o outro. O líquido escorrerá e não terá contato com a mucilagem. Depois desse processo, corte as laterais de espinhos e descasque a planta.
A babosa é comumente utilizada em xampus, mas não há uma comprovação científica de que o uso puro da mucilagem possa auxiliar no crescimento. Além disso, como o xampu fica pouco tempo no cabelo, não é possível garantir que ele vá auxiliar no desenvolvimento do fio.
Alecrim
O alecrim é uma erva aromática com diversos benefícios para a saúde. Como remédio caseiro para o cabelo, costuma aparecer na forma de óleo ou chá. Também é comum que as pessoas coloquem ramos da erva no xampu para estimular o crescimento durante as lavagens.
A planta traz uma série de benefícios por suas propriedades antioxidantes, estimulantes, antissépticas, diuréticas, cicatrizantes, tônicas e antimicrobianas. Essas propriedades podem auxiliar ao estresse oxidativo que contribui com a queda de cabelo, porém o uso isolado do alecrim tem pouca ação no couro cabeludo.
Outro uso do alecrim é como complemento à limpeza. Um couro cabeludo limpo potencializa a circulação sanguínea local, o que permitiria um crescimento mais forte dos fios. Porém, o ideal é usar xampus que tenham a planta em sua composição.
Óleo de rícino
Um dos remédios caseiros para cabelo mais conhecidos é o óleo de rícino. Muitas pessoas utilizam a substância pura no cabelo por algumas horas. Teoricamente, o óleo atuaria como um vasodilatador, que estimularia a circulação sanguínea na região.
Outra teoria é de que o couro cabeludo de uma pessoa calva costuma ter níveis mais altos de um hormônio chamado prostaglandina D2 (PGD2). O ácido ricinoleico, um dos ingredientes do óleo de rícino, pode inibir PGD2, segundo um estudo.
Novamente, não há estudos que comprovem o real efeito do óleo de rícino no couro cabeludo. Em muitos casos, o crescimento que o indivíduo percebe é o esperado para o mês (de 1 cm a 1,5 cm). Portanto, não dá para usá-lo e esperar que ele auxilie no nascimento, crescimento ou na cessão da queda dos fios.
Por ser mais grosso, o óleo traz o efeito estético de cabelos mais espessos. Seu teor nutritivo pode auxiliar na recuperação da saúde dos folículos capilares.
Chá verde
Outro remédio caseiro para o cabelo bastante popular é o chá verde, feito da mesma planta que o chá tradicional — a Camellia sinensis. No entanto, enquanto as folhas do primeiro são cozidas no vapor, as do segundo são fermentadas.
O chá verde traz uma série de benefícios à saúde. Por ter diversas substâncias antioxidantes, é ingerido para auxiliar na prevenção ao câncer. Há estudos que mostram que a bebida promove uma redução dos fatores de risco relacionados às doenças cardiovasculares. Porém, ainda é preciso que mais pesquisas ratifiquem esse resultado.
Quando falamos dos seus efeitos no cabelo, o que se acredita é que as catequinas — especialmente galato de epigalocatequina (ou EGCG) — ajudem a diminuir os níveis de 5-alfa-redutase, o que diminui a quantidade de DHT no organismo e, consequentemente, a queda dos fios. Estudos feitos com camundongos mostraram que O EGCG realmente deixou os pelos dos animais mais encorpados. Já com humanos, os resultados ainda são inconclusivos.
O chá verde conta com efeitos colaterais, mas relacionados à cafeína. No mercado, há versões descafeinadas da bebida.
Vale a pena investir em remédios caseiros para o cabelo?
Não vale a pena investir em remédios caseiros para o crescimento do cabelo. Além de não atuar diretamente quando o problema é genético, os produtos e misturas costumam ter baixa ou nenhuma efetividade para o desenvolvimento do fio.
Uma alimentação saudável, exercícios físicos e a lavagem frequente do couro cabeludo costumam ter um efeito muito maior do que os remédios caseiros. Além de proporcionar substâncias que ajudam a manter o organismo mais saudável, essa rotina também melhora a circulação sanguínea, o que favorece o crescimento dos fios.
Problema genético
Conhecida como calvície, a alopecia androgenética é um problema que impede a produção dos fios, até que o folículo piloso “morre” e se fecha de vez. É uma alteração genética causada pelo excesso de di-hidrotestosterona (DHT) no organismo e sua ligação aos folículos pilosos. Quando essa união ocorre, o hormônio impede que o sangue faça a nutrição.
Por ser um problema genético, os remédios caseiros não têm efeito algum para cessá-lo — no máximo, podem atuar com a nutrição e a melhoria da circulação sanguínea. Mas sem o auxílio de um bom inibidor de 5-alfa-redutase, a enzima responsável por converter a testosterona em DHT, o efeito será nulo.
Baixa ou nenhuma efetividade
As misturas podem atuar para melhorar a saúde do couro cabeludo. Obviamente, um ambiente saudável ajuda o fio a se desenvolver com mais rapidez. Mas quando falamos de crescimento do cabelo, o efeito costuma ser muito baixo ou, em muitos casos, nulo.
O óleo de alecrim, por exemplo, pode auxiliar a manter o couro cabeludo mais saudável por melhorar a circulação sanguínea na região. Porém, não há uma ação efetiva no crescimento dos fios. Se o problema da perda de fios for a alopecia androgenética, o efeito será ainda menor.
Outro fator importante é que o óleo de alecrim, quando exposto ao sol, pode queimar o couro cabeludo. Portanto, caso o paciente vá utilizar a substância, é essencial não se expor à radiação.
Já o óleo de rícino é laxante. Sua aplicação deve ser apenas tópica, ou seja, no couro cabeludo. Além de não ter sua eficácia cientificamente comprovada, o produto é muito denso e difícil de retirar do couro cabeludo. Por fim, é essencial que grávidas e mulheres em amamentação o evitem.
Pouco contato com o couro cabeludo
Para que o remédio faça efeito, é preciso constância e, principalmente, um bom tempo de contato com o organismo. O Minoxidil, por exemplo, deve ficar de 4 a 6 horas no couro cabeludo — e esse é o tempo mínimo. Porém, há pessoas que passam o produto pela manhã, antes de sair para o trabalho, e ficam com ele durante todo o dia.
Um remédio caseiro para o cabelo não costuma ficar por tanto tempo. Por ser extremamente espesso, o óleo de rícino não pode ser aplicado antes do trabalho, por exemplo. Além disso, ele não conta com a mesma concentração de ativos que um fármaco voltado para o crescimento dos fios.
Falta de padronização
Muitas vezes, o remédio caseiro para o cabelo tem propriedades que fazem bem à pele e aos fios, mas em concentração insuficiente. Também é necessário considerar o tamanho e o peso da molécula para que o fio seja capaz de absorver a substância.
Em remédios solicitados pelo médico, mesmo aqueles feitos em farmácias de manipulação, há uma receita que estipula qual a quantidade ideal de cada substância para que o fármaco faça efeito. Dessa forma, há uma garantia muito maior de eficácia.
Estudos científicos
Todos os fármacos utilizados para tratamento de alopecia passam por testes antes de entrar no mercado. O Minoxidil, por exemplo, era um remédio voltado para redução da pressão arterial.
Com o tempo, percebeu-se o efeito colateral de crescimento dos pelos. Após diferentes testes e a comprovação de que ele realmente estimula o desenvolvimento dos fios, o fármaco passou a ser utilizado para tratar a perda capilar.
Como visto, os remédios caseiros para o cabelo costumam trazer benefícios para o corpo, mas não necessariamente para os fios. O consumo de chá verde, por exemplo, traz diversos benefícios para o organismo, mas não há comprovação científica sobre sua influência no crescimento capilar.
Já quando falamos de calvície, não é possível reverter o crescimento dos fios nas áreas onde a rarefação já se estabeleceu. Como os folículos se fecharam de vez, apenas o transplante capilar é capaz de fazer com que o cabelo cresça novamente na região.
E se você deseja passar pela cirurgia, veja dicas essenciais para ter os melhores resultados no transplante capilar.